Ontem escrevi o primeiro post sobre Berlim, hoje vou escrever o último, e falar-vos do quão difícil é esquecer o que se viveu nesta cidade, há poucas décadas atrás. E se é difícil esquecer é porque os alemães fazem questão de assinalar, informar e homenagear muitas das vítimas das coisas horríveis que ali aconteceram. Em cada canto da cidade há coisas que nos lembram e nos dão a conhecer factos históricos que nem sempre nos deixam de ânimo leve para continuar o dia. No entanto a cidade é tão cheia de energia que, se num momento nos puxa para o passado, noutro traz-nos mesmo o presente alegre e colorido.
Estas imagem que aqui vêem em cima são do Memorial do Holocausto, uma área coberta por mais de 2000 blocos com diferentes alturas, e que nos deixam com uma sensação de peso, impotência e desorientação. Representam os túmulos das vítimas e por baixo deste memorial existe um andar com muita informação acerca das vítimas e cartas escritas pelos próprios.
Numa das ruas encontramos esta mesa e esta cadeira tombada, que representa o momento brusco e duro em que alguém teve de deixar a sua casa e partiu rumo ao desconhecido.
Neste museu, com entrada livre, podemos ver tantas imagens que nos contam mais um pouco desta história que já conhecemos. As fotografias são muitas e as histórias também. Cá fora há ainda uma parte do muro intacta e protegida, e vários pedaços de história que foram recolhidos e trazidos para ali.
Depois da guerra, a vida para muitas pessoas não ficou mais fácil. O muro que veio dividir a cidade ainda anda por lá, às vezes só assinalado no chão, e os memoriais dedicados às vítimas que o tentaram passar também são muitos. Esta história só acabou em 1990 mas parece que foi muito antes, por ter dado origem a coisas tão horríveis.
Visitámos o Reichstag, o edifício do Parlamento Alemão, que na sua origem tinha uma grande cúpula em pedra. Depois de destruído na guerra, a reconstrução fez desta cúpula uma estrutura transparente, que é perfeita para nos dar a conhecer a cidade. A visita é gratuita, ainda que seja preciso marcar hora, e a visita guiada em formato áudio vai-nos acompanhado no passeio e vai-nos dizendo que edifícios estamos a ver.
Vamos falar agora de coisas mais doces?
Os pequenos-almoços e os cafés foram sempre bons e em sítios simpáticos. Este aqui de cima deixa entrar animais e até tem dois gatinhos residentes. É o Blaues Band e a comida é boa e relativamente barata. Este fica na zona de Mitte, e todas as ruas à volta são boas para passear. A zona era habitada por muitos judeus e isso também vai estando assinalado por lá. A rua de Linienstraße, Rosenthaler Str, Große Hamburguer Str. e todas as outras ali à volta estão cheias de lojas e cafés simpáticos.
A Paper and Tea é só uma das lojas bonitas da zona, tem chá e material de estacionário, e o chá é tão especial que há sempre um acabado de fazer e oferecido a quem entra.
Se não querem gastar dinheiro em revistas não entrem! A Do you read me está carregadinha delas e são uma tentação. Não falta nada por aqui, na zona central de Mitte, se tiverem tempo caminhem muito por estas ruas, principalmente pelas que parecem mais calminhas, é onde se escondem os verdadeiros tesouros :)
O Happy Baristas fica na zona de Friedrichsain, não provámos os bolos porque fomos para os salgados, tinha tudo óptimo aspecto e o café era delicioso. A água está sempre disponível e não se paga, o que é simpático.
O Nuno disse que não devia perder o Roamers e por isso lá fomos nós para Kreuzeberg, num final de tarde muito, muito frio, e encontramos este espaço acolhedor, completamente descontraído, onde nem havia internet ou máquina registadora. Comemos muito bem e vale a pena dar uma espreitadela ao Tumblr.
O que muito impressiona na cidade é também a quantidade de espaço útil dedicado às pessoas. Cá em Portugal uma fachada como esta esconderia apenas esta casa, e um grande jardim privado atrás, na maior parte das vezes desaproveitado. Em Berlim atrás desta fachada temos mais construção, e geralmente o edifício é construído à volta de um páteo ou jardim interior, partilhado por todos os moradores. Outra hipótese é terem também a ligação à rua aberta e alojarem cafés e comercio. Desta forma evitam os quarteirões enormes e desaproveitados, e ali para trás existem muitas mais janelas, espaço para guardar bicicletas e até os contentores do lixo.
Espero que tenham gostado, nós esperamos voltar, com bom tempo para visitarmos as coisas que nesta altura eram mais complicadas.
Raquel
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